The_Door_Hell

Saturday, July 10, 2004

Magia Púrpura

A maior parte dos cultos que atravessaram a história tem uma característica em comum:
eles foram conduzidos por homens carismáticos capazes de persuadir mulheres a
dispensar livremente favores sexuais a outros homens. Quando começamos a observar,
este fato torna-se claro em muitos cultos antigos, seitas monoteístas cismáticas e grupos
esotéricos modernos. Muitos, se não a maioria, dos adeptos do passado e do presente
foram, ou são, cafetões. O mecanismo é muito simples: pague a mulher com a moeda da
espiritualidade para servir aos homens; estes, por sua vez, irão devolver-lhe o
pagamento com adulação e a aceitação de seus ensinamentos será, para eles, um efeito
colateral. A adulação dos homens irá aumentar seu carisma com as mulheres, criando
um laço de realimentação muito positivo. Este processo pode ser um agradável "ganhapão"
até a velhice ou poderá sofrer um ataque da polícia. Outro perigo óbvio é que a
mulher e, eventualmente, o homem pode sentir que as constantes mudanças de
parceiros irão contra seus interesses emocionais e de reprodução a longo prazo. A
circulação de pessoas em tais cultos pode ser muito grande, de forma que jovens
adultos constantemente estejam substituindo aqueles que estão se aproximando da
meia idade.
Poucas são as religiões ou cultos que não possuem um ensinamento religioso pois
qualquer ensinamento provê um poderoso nível de controle. A maioria das mais
estabilizadas e duradouras religiões estimulam a supressão do chamado sexo livre. Isso
também traz muitos dividendos. A posição das mulheres se torna mais segura e os
homens sabem quem são seus filhos. É natural que o adultério e a prostituição
floresçam em tais condições porque algumas pessoas querem sempre um pouco mais
que uma vida monogâmica pode oferecer. Assim, é muito correto afirmar que os
bordéis são construídos com os tijolos da religião: indiretamente com as religiões
convencionais, diretamente com muitos cultos.
Tudo o que foi dito nos faz perguntar porque é que as pessoas têm tal necessidade de
querer que os outros lhes digam o que fazer com a sua sexualidade. Porque as pessoas
têm que procurar justificativas esotéricas e metafísicas para aquilo que elas querem
fazer? Porque é tão fácil "vender água para o rio"?
A resposta, ao que parece, é que a sexualidade humana possui uma constituição de
insatisfação de origem evolutiva. Nosso comportamento sexual é parcialmente
controlado pela genética. Os genes mais aptos a sobreviver e prosperar são aqueles que,
nas fêmeas, encorajam a permanente captura do macho mais poderoso disponível e a
ligação ocasional (clandestina) com algum macho mais poderoso que possa estar
temporariamente disponível. Ao mesmo tempo, nos machos, os genes mais aptos a
prosperar são aqueles que encorajam a impregnação do maior número de fêmeas que
eles possam sustentar, além, talvez, de impregnar sorrateiramente outras poucas que
sejam sustentadas por outros homens. É interessante notar que somente nas fêmeas
humanas o cio está oculto. Em todos os outros mamíferos, o período fértil é muito
óbvio. Parece que houve esta evolução para permitir, paradoxalmente, o adultério e o
aumento das ligações sexuais nos momentos em que o ato não tem nenhuma utilidade
reprodutiva. A base econômica de uma determinada sociedade irá exercer certa pressão
em favor de um tipo particular de sexualidade, pressão esta que será codificada na
forma de moralidade que irá, inevitavelmente, entrar em conflito com as pressões
biológicas. Esta confusão reina pois nada é satisfatório continuamente. O celibato é
insatisfatório, masturbação é insatisfatória, monogamia é insatisfatória, adultério é
insatisfatório, poligamia e poliandria são insatisfatórios e, provavelmente, a
homossexualidade também é insatisfatória se a alegre troca frenética de parceiros nesta
disciplina for algo que continue.
Nada no espectro das possibilidades sexuais provê um solução a longo prazo, porém
este é o preço que pagamos por ocupar o pináculo da evolução dos mamíferos. Muito
de nossa arte, cultura, política e tecnologia surgem, precisamente, de nossas ânsias,
medos, desejos e insatisfações sexuais. Uma sociedade sexualmente em paz iria, com
certeza, oferecer um espetáculo insípido. É, normalmente, se não sempre, o caso da
criatividade e realização pessoais serem diretamente proporcionais às suas inquietações
sexuais. Esta é, realmente, uma das maiores técnicas da magia sexual, apesar de não ser
reconhecida como tal. Inspire-se com o máximo de inquietações e confusões sexuais se
você realmente quer descobrir o que você é capaz em outros campos. Uma vida sexual
tempestuosa não é um efeito colateral de ser um grande artista, por exemplo. Porém, é a
arte que é um efeito colateral de uma vida sexual tempestuosa. Uma religião fanática
não cria as supressões do celibato. São as tensões do celibato que criam uma religião
fanática. A homossexualidade não é um efeito colateral das vidas nos quartéis entre as
tropas de choque de elite suicidas. A homossexualidade cria as tropas de choque de
elite suicidas primeiro.
A Musa, a origem hipotética da inspiração, normalmente desenhada em termos sexuais,
é a Musa somente quando seu relacionamento com ela é instável. Quaisquer
pronunciamentos morais a respeito do comportamento sexual foram dados, sem
dúvida, milhões de vezes antes e seria indecoroso para um caoísta reenfatizar algum
deles. Porém uma coisa parece relativamente certa. Qualquer forma de sexualidade
invoca eventualmente toda a gama de êxtase, auto-rejeição, medo, prazer, tédio, raiva,
amor, ciúmes, despeito, auto-piedade, exaltação e confusão. São essas coisas que nos
fazem humanos e, ocasionalmente, super-humanos. Tentar transcendê-las é fazer-se
menos que humano, não mais. Intensidade de experiência é a chave para estar
realmente vivo e, tendo escolha, eu preferiria ter estas experiências através do amor do
que através da guerra.
Uma vida sexual insípida cria uma pessoa insípida. Poucas pessoas conseguiram obter
grandiosidade em qualquer campo sem a propulsão que uma vida sexual-emocional
turbulenta provê. Este é o maior segredo da magia sexual. Os dois segredos menores
envolvem a função do orgasmo como gnoses e a projeção de um glamour sexual.
Qualquer coisa que seja mantida na mente consciente durante o orgasmo tende a
alcançar a subconsciência. Anomalias sexuais podem prontamente ser implantadas ou
retiradas por este método. No orgasmo pode-se dar poder aos sigilos de encantamento
ou de evocação. Isto pode ser feito, por exemplo, através da visualização pura ou
através da contemplação do sigilo fixado na testa do parceiro. Entretanto, este tipo de
trabalho é freqüentemente mais conveniente se realizado de forma auto-erótica. Embora
a gnoses oferecida pelo orgasmo possa, em teoria, ser usada em suporte de qualquer
objetivo mágico, normalmente é desaconselhável usá-lo para as magias entrópica e de
combate. Nenhum encantamento é totalmente isolado no subconsciente e qualquer
"escape" que ocorra pode implantar associações muito prejudiciais com a sexualidade.

Durante o orgasmo pode ser lançada uma invocação, sendo que esta operação será mais
eficiente se cada parceiro assumir uma forma-deus. Os momentos seguintes ao orgasmo
são muito úteis para visões de busca adivinatória. Atividades sexuais prolongadas
podem, também, conduzir a estágios de transe úteis em adivinhação visual e oracular
ou estados oraculares de possessão em invocação.
A projeção de um glamour sexual, com o objetivo de atrair os outros, depende de muito
mais que a simples aparência física. Algumas das pessoas mais bonitas, no sentido
convencional, carecem totalmente disso, enquanto que algumas das mais comuns
desfrutam seus benefícios ao limite.
Para ser atraente para outra pessoa, você deve oferecer alguma coisa que seja a reflexão
de alguma parte dela mesma. Se a oferta se torna recíproca, isso poderá conduzir a um
senso de complementação que é mais prontamente celebrada pela intimidade física. Em
muitas culturas, é convencionado para o macho exibir uma vigor público exterior e para
a fêmea exibir uma personalidade mais tenra, ainda que nos encontros sexuais cada um
irá procurar revelar seus fatores ocultos. O macho irá procurar mostrar que ele pode ser
tão compassivo e vulnerável quanto poderoso, enquanto que a fêmea procurará mostrar
uma força interna por trás dos signos e sinais de receptividade passiva. Personalidades
incompletas, tais como aquelas que são profundamente machistas ou que consistem do
oposto polar disso, não são nunca atraentes sexualmente a ninguém, exceto no sentido
mais transitório.
Assim, os filósofos do amor têm identificado uma certa androginia em ambos os sexos
como um importante componente da atração. Alguns têm usado de licença poética para
expressar o belo ideal de o homem ter uma alma fêmea e a mulher uma alma masculina.
Isso reflete o chavão que para ser atraente para os outros, você deve, primeiro, ser
atraente para você mesmo. Algumas horas gastas praticando o ser atraente em frente a
um espelho é um exercício valioso. Se você não consegue ficar nenhum pouco excitado
com você mesmo, não espere que ninguém fique.
A técnica do "olhar da Lua" é freqüentemente eficiente. Você fecha os olhos
rapidamente. Visualiza momentaneamente um crescente lunar de prata por trás de seus
olhos, com os chifres da lua se projetando de cada lado de sua cabeça, atrás de seus
olhos. Então, olhe nos olhos de um amante potencial enquanto visualiza uma radiação
prata sendo emitida de seus olhos para os dele, ou dela. Esta manobra também tem o
efeito de dilatar as pupilas e, normalmente, causa um sorriso involuntário. Ambos são
sinais sexuais universais, sendo que o primeiro atua subconscientemente. Não se deve
lançar encantamentos para parceiros específicos. É preferível conjurar para parceiros
adequados em geral, para você ou para outros. Seu subconsciente possui uma
apreciação muito mais penetrante de quem realmente é adequado.
A magia sexual é tradicionalmente associada com as cores púrpura (da paixão) e prata
(da Lua). Entretanto, a eficiência das roupas pretas tanto como sinal sexual quanto antisexual,
dependendo do estilo e corte, mostra que o preto é, num certo sentido, a cor
secreta do sexo, refletindo o relacionamento biológico e psicológico entre o sexo e a
morte.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home